domingo, 26 de setembro de 2010

"Grandes para quê?"

Pá eu acho que essa história de "o tamanho não interessa..." é uma grande treta e só é dito por quem não tem outra hipótese ou pura e simplesmente não tem capacidade ou profundidade para mais e acha que está bem assim em vez de se ir exercitando para conseguir aumentar os seus limites. Baseado na minha experiência pessoal, apesar de concordar que existirão outros factores determinantes, eu acho sinceramente que o prazer é directamente proporcional à dimensão e mesmo em público confesso que depois de um breve olhar em volta, o único critério que tenho é o tamanho.

Eu sei que é um bocado simplista mas é mais forte que eu. Assim que identifico o meu objecto de desejo não consigo desviar o olhar e tudo à volta fica envolto numa bruma. Começo imediatamente a imaginar as longas horas de prazer intenso e como sempre acontece terei inevitavelmente de me aproximar, tocar, pegar, primeiro com cuidado e logo a seguir com ânsia, observar de vários ângulos, pegar com ambas as mãos e apertar ligeiramente para sentir a textura e consistência, aproximar o nariz e inspirar lentamente deixando-me invadir pelo seu odor forte. Demoro-me conscientemente nestes preliminares para que, independentemente do que aconteça a seguir, pelo menos este momento inicial de prazer fique bem gravado na minha memória.

Assim que me sinto saciado dessa primeira fome de contacto, preparo-me então para o momento da verdade e, lentamente, faço o gesto já repetido milhares de vezes: pegando novamente só com uma mão como se, subitamente arrependido pela entrega, tentasse desajeitadamente reassumir uma postura mais púdica, giro-a, para me confrontar por fim com a contra-capa.

Neste momento podem acontecer várias coisas: ou ergo as sobrancelhas, abro ligeiramente a boca e vou imediatamente para a caixa (raro, infelizmente); ou semicerro os olhos, solto um "hum" e leio as primeiras páginas; ou aperto um canto da boca, solto um "hum" diferente e leio as primeiras páginas; ou ergo as sobrancelhas, abro ligeiramente a boca e vou imediatamente pegar na minha segunda opção (o segundo maior obviamente).

Seja como for, se pudesse convencer um escritor a escrever dois livros sobre exactamente o mesmo tema mas um com metade do tamanho do outro, ou melhor, pedir às editoras que publicassem uns poucos exemplares, como versão de coleccionador ou algo do género, dos textos originais que recebem: "Acho que está muito bom sim senhor! Traga-me isto em 200 páginas e temos negócio!", eu acredito que o maior seria sempre o melhor e isso apenas por uma questão de nitidez.

Hoje em dia todos estamos familiarizados com o conceito de resolução de imagem. Essa resolução só varia em função do número de unidades de informação (pixels) que a formam. Da mesma maneira a nitidez da mensagem de um livro varia em função do número de palavras que nele existem. É essa também a razão para normalmente ficarmos desapontados com o filme que fizeram sobre aquele livro que gostamos tanto: é simplesmente impossível concentrar tanta informação em 2 horas (ou em 200 páginas) e quem disse que "uma imagem vale mais que mil palavras" deve ter lido só crítica de arte toda a vida.

E esta regra aplica-se a quase tudo. Por exemplo não acredito que alguém possa dizer que tem um grande amigo com quem nunca tenha trocado mais que um par de frases de cada vez. Grandes amizades fazem-se de manhãs, tardes, noites inteiras de conversa. Da mesma forma, não terei qualquer preocupação, antes pelo contrário, em encurtar o tamanho dos posts deste blog ("Ah! Então era aqui que ele queria chegar! Bolas, demorou..."). Ficarei incomparavelmente mais feliz se ele se tornar um grande amigo de uma pessoa do que um ponto de passagem de mil.

Para mim, tal como um livro deve dar tempo para que o leitor se vá esquecendo lentamente da sua vida, vá mergulhando no mundo que lhe é apresentado, interiorizando as culturas, crenças, hábitos, sentindo-se uma personagem, vivendo o enredo até que finalmente fica desorientado e triste quando tudo acaba, o post de um blog deve dar pelo menos tempo para que o leitor vá preparar qualquer coisa para beber, talvez ir buscar um petisco, ponha qualquer coisa que lhe apeteça a tocar, desaperte a roupa, recoste-se no seu sofá e ainda fique a relaxar por um bocado antes de finalmente exclamar "epá, este gajo é mesmo uma besta!" ou observar "por acaso nunca tinha pensado nisto." ou bajular "este gajo escreve mesmo muito bem!" (que no meu caso só acontece quando eu próprio releio os posts).

Portanto a primeira regra deste blog é: posts grandes. A segunda regra é: eu escolho a música. Como já repararam devem ir mudando a música ao longo do texto: (espero que seja intuitivo) e é muito importante que o façam na altura certa porque pretendo com ela transmitir o estado de espírito adequado e assim colmatar as minhas insuficiências de expressão escrita. O meu próprio estado de espírito só tem ligação directa com uma única coisa neste mundo que é a música, mas vou guardar esse tema para outro post senão este ficaria, até para os meus padrões, estupidamente longo. Desta forma também estou a diversificar, porque se não gostarem do texto há pelo menos uma hipótese de gostarem da música e que isso impeça a reacção imediata de amarfanhar e atirar para o lixo.

A terceira regra é: não existe nenhuma interacção com outros bloggers. Apesar do que escrevi no primeiro post não tenho nada contra outros bloggers. A minha frustração tem a ver com a distância abismal entre o que tinha imaginado que viria a ser a blogosfera e aquilo que é na realidade, mas de qualquer forma acho que cada um tem o direito de escrever o que bem entender e como entender. No entanto para mim um blog deve ser um local pequeno, fechado e intimista, nunca um meio de socialização.

A quarta regra é que, a partir de agora, os posts passarão a dividir-se entre 5 grandes áreas que serão introduzidas de seguida. Sugiro por isso que não leiam os posts por ordem cronológica mas pela área que preferirem porque, para lá dos posts serem longos, os temas variarão radicalmente e quando digo radicalmente, quero dizer a um nível que quem não me conhece não consegue imaginar...

São estas então as regras do blog. Aqueles que concordam e gostam, excelente. Aqueles que estão hesitantes porque acham que os blogs já não são assim, temos pena, chamem-lhe um blog retro ou estranho ou o que preferirem. Aqueles que não concordarem e não quiserem ler, "(Em toda a parte todo o mundo tem) Em sonhos me visitaram Traz outro amigo também".

No fundo, pretendo levar a cabo a intenção expressa no primeiro post como se deve fazer sempre: opondo a uma acção uma segunda acção alternativa e não uma reacção antagónica. Na prática limito-me a implementar aquilo que gostaria de ver num blog. Ou seja, se a blogosfera fosse aquilo que tinha imaginado, quando fosse ler o meu blog favorito seria exactamente assim...ok, assim mas em bom, claro!

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