quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Imergir ou emergir: eis a questão - Introdução

Pá eu acho que devo uma resposta a toda gente, toda a multidão de pessoas que sabem quem na realidade se esconde atrás da máscara do Achador e que ao me ouvirem responder: "Não, o blog não está fechado! Tenho é passado o último ano a fazer pesquisa para o próximo post.", e quando finalmente percebem que eu não estou a gozar, exclamam invariavelmente: "Porra! Tu não existes!". A esta reacção e à dúvida malévola e subrepticiamente criada sobre a minha existência, eu declaro: Acho, logo existo! Estou a pensar se hei-de pôr isto por baixo do título do blog como forma de prevenir que continuem para aí a sugerir que eu não existo.

(Cliquem no canto esquerdo antes do nome para tocar a música sem abrir o link) Esclarecendo esse ponto inicial, tenho contudo que reconhecer que, para quem se propõe apenas a achar, 1 ano de pesquisa não faz muito sentido. Até parece que me estou a propor a pensar, a informar, a emitir uma opinião bem fundamentada em factos concretos. Livra! Nada temam caros leitores! Nada mais longe da realidade. Sucede apenas que ao tomar conhecimento há um ano de que nos tempos actuais, com apenas 4 cadeiras se faz uma licenciatura, com uma licenciatura desse género se chega a Administrador de grupos económicos, com apenas meses dessa actividade ou outra qualquer se tem uma rica e extensa carreira profissional, digna de ser usada como arma eleitoral e que após essas ou outras eleições se podem já escrever livros de memórias enquanto se usufrui de uma boa reforma, temi seriamente acordar um dia para descobrir um texto meu deste blog publicado numa revista científica, por ter sido escrito às três pancadas. Resolvi então demarcar-me, pesquisando longamente para poder dizer que estou apenas a achar, não é para ser levado realmente a sério.

O objectivo deste post é ambicioso: arrumar com Portugal. Alguns dirão "Demoraste muito tempo pá. Já houve quem entretanto tratasse disso.", forçando-me a clarificar: o meu objectivo é arrumar com a série de posts seguidos que tenho escrito sobre Portugal. A minha vida não é só o blog e o blog não é só Portugal, por isso convém que este seja o último post sobre este tema durante os próximos tempos para não dar a ideia errada de que criei o blog propositadamente para mandar bitaites para lá/aí, como que para fazer pirraça, agora que me pus a salvo dos efeitos da sua inépcia generalizada.

A série de posts sobre Portugal tem sido motivada pelo estado actual do país, a viver mais uma inevitável crise e por outro lado mais receptivo a discutir-se a si próprio. Para conseguir concretizar o objectivo deste ser o último post, e como tento sempre ser alguém construtivo, tenho que de alguma forma contribuir para a compreensão de porque é que desde que a memória alcança estas crises se sucedem, porque é que o país persiste em desenvolver-se menos que os seus vizinhos, e se possível, de que forma é que isto pode ser solucionado. Seria aquele achado utópico que nos permitiria finalmente encontrar o caminho para fora do nevoeiro onde gerações de D.Sebastiões imaginários nos perderam.

Com este fim em mente, arregacei as mangas e comecei inofensivamente por analisar dados económicos. Da Pordata passei para o Banco de Portugal e o INE e daí para o Eurostat e a OCDE. Tentando perceber a realidade por trás dos números, li todo o tipo de documentos, e aproveito já agora para elogiar as publicações da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que apesar de só serem encontradas nas lojas da Jerónimo Martins, quando não estão com uma promoção de 50%, chegaram até mim graças à boa vontade da minha mãe e ao serviço de transporte Euro-o-quilo do Sr. Brocardo. Um muito obrigado e um grande bem haja a ambos!

Achando que já compreendia mais ou menos a situação actual, decidi começar a retroceder no tempo para tentar perceber a evolução e descobrir quando é que em Portugal tinham existido mudanças significativas. Eventualmente percebi que isto é practicamente um oxímoro já que Portugal e mudanças significativas são conceitos quase contraditórios. Textos de há um e dois séculos atrás parecem ter sido escritos agora (mesmo o português estranho da época seria facilmente justificado dizendo que o autor adoptou o acordo ortográfico) daí que alguns sejam novamente citados nos tempos que correm.

Essa conclusão fácil não me ajudou minimamente no meu objectivo, por isso continuei a recuar até os documentos disponíveis de cada época começarem a escassear. Recomendo a biblioteca nacional digital: http://purl.pt/index/geral/PT/index.html para quem não tem nada de verdadeiramente interessante que fazer com o seu tempo, como é aparentemente o caso deste vosso amigo.

Terminado todo este processo de justificação de achamento, posso dizer que ao contrário dos outros posts, desta vez vou tentar ser mais claro e directo e gostava de focar-me naquilo que nós, a generalidade do povo português, pode fazer, porque a mensagem monopolista (por culpa de todos) é o que o Governo, os políticos, os banqueiros, etc. podem fazer, enquanto que para os outros "99%" a única coisa que sobra é a sensação de verdadeira ou aparente impotência e as duas "armas" do voto e da contestação, de eficácia reduzida a nula.

PS1: Depois de escrever cerca de metade do texto admito que aquilo que ia ser um filme teve que ser transformado numa série de episódios porque de outra forma não seria realista, mesmo para mim, esperar que alguém, sem ser pago para isso, conseguisse ler tudo.

Depois desta introdução, comecemos pelo diagnóstico actual...

PS2: Pá eu acho que sou uma indescritível besta! Não é que ao fazer algo tão banal para qualquer blogger que se preze, ou vá admitamos para qualquer pessoa que esteja a viver no século XXI, como dividir um post em várias partes, consegui a incrível proeza de apagar tudo menos a primeira parte? Cada vez que me lembro da quantidade de referências, links, etc. perdidos desato à cabeçada às paredes. Devo anunciar a todos que daqui para a frente serei uma pessoa um pouco diferente devido à quantidade de neurónios destruídos no processo.

PS3: Apesar de querer reconstruir o post, a verdade é que ainda não voltei a escrever mais nada e à medida que o tempo passa, a tentação de simplesmente deixar isto cair se torna maior. Decidi não deixar a frustração e a passividade ganharem, talvez por simples teimosia ou talvez porque acho que ainda tenho bastante para partilhar, e então publico agora esta primeira parte para me forçar a dar-lhe sequência em breve. Não será algo tão fundamentado como o original e demorará algum tempo para ser tudo (re)escrito mas a mensagem será a mesma e o mais importante neste momento é publicar.